terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Ao pé da letra...

A Clara ganhou uma boneca chorona no amigo secreto que fizemos com os jovens da Igreja. A Carlinha aproveita prá puxar papo:
- Que linda a sua boneca, Clara! Como ela chama?
- Ela não chama, tia. Ela só chora!

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Lições sobre discrição II

Domingo à noite, final de culto. Eu estava guardando meu microfone e pedi que a Carlinha, uma amiga muito querida, ficasse um pouquinho com a Clara. Quando terminei de ajeitar tudo, desci e fui procurar a pequena. Chega a Carla com um pacotinho embrulhado em papel toalha e a Clara com uma carinha meio assustada, sussurrando:
- Mamãe, eu tô sem calcinha! Eu fiz xixi na calcinha, mamãe! Eu tô desculpada?
A Carlinha me entregou a calcinha embrulhada no papel e explicou que a Clara estava apertada e acabou sentando no vaso sanitário antes de abaixar a calcinha.
- Não tem problema, filha. Você está de vestido, ninguém vai ver nada. Em casa a gente põe outra calcinha.
- Não tem problema, mamãe? - disse ela, aliviada.
- Não, Clara, não tem problema nenhum!
Ela, então, num gesto de libertação, ergueu o vestidinho e falou bem alto, no meio de todo mundo:
- Olha, gente! Eu tô sem calcinha! Num tem problema!
E chamava o pessoal prá ver:
- Olha, tio Mauro! Eu fiz xixi! Eu tô sem calcinha!
O Mauro e a Carla não se aguentavam de tanto rir! E eu, é claro, tive que me conter e fazer cara de brava:
- Num tem problema fazer xixi na calcinha, Clara, mas ficar mostrando esse bumbum branquelo no meio da Igreja já é um pouco demais, né, menina!?! Abaixa esse vestido!
E ela saiu, andou mais cinco ou sei passos e encontrou outra pessoa pelo caminho:
- Olha, tia! Eu fiz xixi! Eu tô sem calcinha...

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Lições sobre "ver"...

Nunca fiquei tanto tempo longe das crianças quanto nesta última semana. Foram 7 dias seguidos, uma saudade imensa e a vontade de ouvir a voz deles de minuto em minuto. Não quero nem ver como vai ficar a conta telefônica!
Em uma das ligações a Clara quis contar as novidades.
- Mamãe, mamãe, eu tilei foto de plincesa lá na escolinha!
- É mesmo, filha? Que legal! E você ficou muito linda?
- Fiquei muito linda, mamãe! Você quer ver?
- Eu quero! Quando a mamãe chegar em casa você me mostra?
- Não, mamãe, você quer ver agora?
É uma querida mesmo! Claro que eu queria ver naquele momento!
- Pelo telefone não dá prá mamãe ver, filha! A mamãe vai chegar logo, logo, e você me mostra.
Tarde demais. Eu só ouvia ela gritando "papai, papai, pega a foto prá mamãe ver". O Dê deve ter respondido que não dava prá ver pelo telefone, então ela reformulou:
- Então pega a foto prá mamãe escutar, papai!
Risos. O Dê deve ter pego só prá ver o que aquilo ia virar. E não é que, quando a Clara pegou a foto, começou a descrever como ela estava?
- Você tá escutando a minha foto, mamãe? Eu tô de chapéu, de vestidinho, de colar e de anel. Tô linda, mamãe?
Não aguentei e disse chorando:
- Tá muito linda, filha! Eu escutei direitinho essa foto!
Eu sempre me impressiono com o brilhantismo das crianças. Graças à Clara posso dizer que eu já escutei uma foto!

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Escolhas musicais...

É impressionante! Sabe aquela música que detestamos, que fazemos careta quando escutamos no rádio e perguntamos "É sério que você gosta disso?" quando ouvimos um amigo cantarolando a dita cuja? Pois é! É exatamente a "dita cuja" que fica na cabeça martelando o tempo todo. Eu sinceramente não me perdoo por saber de cor e salteada a letra da música Bom xibom xibom bombom. Eu tento esquecer, tento colocar outra coisa no lugar, mas ela continua lá. Analisando essa cadeia hereditária... Ah!!!!!!!!!!!!!!!
Se isso acontece conosco, que temos discernimento (ao menos alguns têm, não é mesmo?), imagine só como ficam as crianças no meio de tantos refrões pegajosos! Outro dia no banho a Clara colocava a mãozinha na cintura e cantava:
- O rebolation, tion, rebolation...
Eu não vou deixar minha filha entrar nesse caminho de perdição musical! Repreendi:
- Clara, essa música é feia! O coração fica sujo e a boquinha não fica sorrindo de cantar rebolation!
E ela, mostrando que sabe muito bem o coro da música, respondeu:
- Mas mãe, rebolation é bom!
É claro que o fato de ela não escutar isso em casa não faz diferença nenhuma! Isso é uma maldição, está em todo lugar! E o motivo todo mundo já conhece: é que o de cima sobe e o de baixo desce... Ah!!!!!!!!!!!!!!!

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Brincando com as palavras...

O Mi já sabe ler e escrever e agora quer ser autor de livro, compositor (escritor de música, como ele mesmo diz), poeta e tudo mais que tenha a ver com a escrita. De vez em quando fico brincando com ele de fazer rimas. Ontem propus outra brincadeira com palavras: um falava uma palavra qualquer e o outro tinha que dizer outra que tivesse relação com a primeira. Ele pediu prá começar.
- Braço!
Eu falei em seguida:
- Cotovelo.
Ele repetiu, pensativo:
- Cotovelo...
Depois completou:
- Braço!
É, cotovelo foi difícil. Pensei em uma mais fácil:
- Mão!
Ele repetiu, rindo e pondo a mãozinha na cabeça:
- Mão...
Depois de pensar um pouquinho, falou:
- Braço!
Fiz mais uma tentativa:
- Pulseira!
Ele bateu com as mãos na perna:
- Pulseira?
Pensou, pensou e disse rindo:
- Braço!
Eu desisti.
- Braço de novo, Mi?
- Ah, mãe, a culpa é sua! Você só fica escolhendo coisa que me lembra o braço...
Eu caí na gargalhada e ele ficou sem entender o porque. Eu nem tentei explicar. Achei melhor começar de novo. Voltamos para o jogo das rimas...

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Lições sobre "como orar"...

Todas as noites, ao colocar os pequenos na cama, eu e o Dê fazemos questão de orar com eles. Na verdade, às vezes a gente quer tanto que eles durmam logo que a oração acaba ficando um pouco mais curta que o convencional, mas, de qualquer forma, ela acontece todas as noites. O Miguel, já habituado com a rotina, faz sua oração enquanto nós repetimos (prá dar aquele apoio moral, sabe como é). Já a Clara pede prá gente falar e ela repetir, isso quando repete - a bichinha é geniosa!!!
Bem. ontem, cansadéééérrimos, eu e o Dê nos dividimos prá por as crianças na cama. O Dê foi pro quarto do Miguel, eu pro da Clara, e começamos nosso ritual: põe pijama, arruma o edredon, faz "mãozinha de oração"... A Clara já falou na lata:
- Eu num quelo fazer olação, mãe!
Confesso que nem insisti tanto. Estava tarde e quando ela pega prá fazer oração, demora...
- Tá bom, Clara, eu faço. Papai do céu, muito obrigada por esse dia, abençoa a nossa noite de sono, em nome de Jesus, amém.
Nessa hora ela protestou:
- Mas mãe, e a pessoas?
Eu não entendi muito bem a pricípio.
- Que pessoas, filha?
Então ela sentou-se na cama, juntou as mãozinhas, e terminou a oração que eu havia começado:
- Abençoa a tia Lú, o tio Fabiano, a tia Paula, a tia Thaís, a Lalissa, as vovós, os vovôs, o papai, a mamãe, o Mi, a Clala, a tia Raquel, a tia Vivi, a tia Maga, a Mel, minha amigas, meu amigos, tudo nóis.
Depois disso ela me olhou e eu, meio envergonhada, completei:
- Em nome de Jesus, amém.
Ela já aprendeu direitinho: o mais importante é lembrar das pessoas! Mais uma lição...

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Lições sobre discrição...

Eu já compartilhei aqui minha "luta" para convencer a Clara a fazer cocô na privada. Acho que finalmente vou poder dar adeus ao tempo de suplício! Na semana passada a Clara chegou batendo os pezinhos no chão, dizendo que "estava com vontade". Eu entendi na hora e levei ela pro banheiro. Tcharammmmmm! Quando vi que ela tinha feito cocô na privada eu fiz uma festa: bati palma, dei tchau pro cocô, chamei o Dê e o Mi para prestigiarem o evento.
À noite nós saímos com os amigos prá comer esfiha. Na lanchonete a Clara começou a sapatear mais uma vez. Eu logo fui pro banheiro com ela e, mais uma vez (ufa!) ela fez o cocô na privada. O problema é que agora ela queria chamar a turma toda prá ver. Eu negociei:
- Vamos chamar só a tia Maga e Mel, pode ser?
Ela concordou. Lá fui eu, pedir prá minha amiga levar a filha prá ver o cocô da Clara. Elas foram (isso é que é amizade!). Bateram palmas, deram tchau pro cocô, enfim, todo o ritual de condicionamento. O problema é que a Mel quis compartilhar o momento de alegria com a galera e quando apareceu na porta do banheiro falou bem alto:
- Gente! A Clara fez cocô na privada! Um cocozão!
Foi riso geral na lanchonete! Se eu senti vergonha alheia? Imagina! Nada me tira a alegria de nunca mais ter que lavar as calcinhas melecadas da Clara!

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Lições de português II...

Esse negócio de ter filho mandão não é prá mim. Por isso, toda vez que a Clara ou o Miguel começam a dar ordens, eu logo paro e pergunto se ali tem alguma empregada. A expressão por favor é mesmo mágica quando se trata de pedir uma mamadeira de leite ou qualquer outra coisa do tipo prá mim. E eu, que gosto de dar um cutucadinha, aproveito e faço com que eles repitam algumas palavrinhas que, junto com o por favor, fazem milagre.
Hoje a Clara veio batendo o pé e falando com aquela voz aguda:
- Faz meu mamá, mãe!
Eu logo respondi:
- Por acaso é assim que se fala?
Ela já deu uma diminuída no tom:
- Faz meu mamá, mãe? Por favor?
Eu aproveitei:
- Então fala assim: mamãe querida do meu coração! Por favor, faz um leitinho prá encher meu barrigão?
E a moleca, depois de repetir tudinho, ergueu a blusinha.
- Olha, mãe! Olha aqui minha barriga, que gandona!
Prá entrar na brincadeira, o vô Chico também ergueu a camisa. A Clara então falou, mexendo no umbigo do avô:
- Olha, vô, o seu barrigo! Que barrigo gandão!
Oras, nome da região abdominal da mulher: barriga. Nome da região abdominal do homem: barrigo! É claro!

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Lições de português...

Modo imperativo do verbo "abotoar": abota.
Ex.: Mãe, abota a minha calça!
Substância doce e cremosa que vem em latinhas: leite com densado.
Ex: - Você quer leite com chocolate, Miguel?
       - Não, mãe, quero com densado.

sábado, 31 de julho de 2010

Lições sobre "obviedades"...

Depois de levar alguns "sustos" com meus pais, resolvemos que vamos fazer uma festinha de aniversário para minha mãe. Ela não queria, disse que não precisava se incomodar, mas conseguimos convencê-la de que uma "Festa Julina" poderia se transformar num "Parabéns à você". Resultado: vamos fazer uma festa de aniversário temática! O Miguel teve uma "ideia" para organizar o pessoal:
- A Larissa vai de vestido caipira, a Clara não. O Paulinho vai de capiria, eu não. A tia Paula vai de caipira, o tio Rubi não...
A Clara começou a resmungar.
- Eu quélo ir de caipila, mãe. Eu quélo por meu bistidinho...
Eu, que não estava entendendo muito bem a "brilhante ideia" do Miguel, questionei:
- Por que isso, Miguel? Quem quiser ir de caipira, vai! Você num precisa ficar selecionando!
E ele explicou:
- Ué, mãe, se vai ser uma Festa Julina junto com a Festa de Aniversário da vovó, metade tem que ir de caipira e metade tem que ir com roupa de festa. Entendeu?
Mãe lerrrrrrrrrda... isso era óbvio, né!

terça-feira, 27 de julho de 2010

Lições sobre "surpreender"...

Nestas férias eu confesso que não estou muito "inspirada" prá sair com as crianças. Outro dia fomos em uma praça. O Mi levou a bicicleta e a Clara saiu de casa carregando seus apetrechos para brincar na areia, mas o passeio foi interrompido quando um rapaz (aparentemente drogado) começou a pular como um louco em cima de um cesto de lixo e gritar coisas sem nexo. Voltamos prá casa correndo!
Ontem levei os pequenos ao shopping prá comermos um lanche (aqueles que vem com o brinquedinho, sabe...). Quando chegamos do passeio o Miguel ainda estava com o maior pique. Eu sentei no computador prá tentar trabalhar um pouco e ele e a Clara foram pro quintal brincar de bola com o Kiwi. De 10 em 10 minutos o Miguel aparecia com uma coisa prá eu fazer.
- Mão, pega um pedaço de papel prá mim?
- Mãe, você pega uma caneta?
- Mãe, escreve aqui nesse papel "Para Rosângela, do seu marido Tiago".
Eu estranhei, mas atendi ao pedido.
Depois vi o Mi passando por trás da minha cadeira com um pedaço de pau.
- Cuidado, hein, Miguel! Num vai se machucar nem machucar a sua irmã. E muito menos o cachorro, hein, meu filho!
Um tempinho depois ele chega correndo.
- Mãe... acho que tem alguma coisa prá você na caixa do correio! Pode deixar que eu pego.
Ele voltou com uma flor do meu jardim, o pedaço de papel escrito e uma cara de surpresa.
- Olha, mãe! Acho que foi o papai que deixou prá você!
Eu também fingi estar surpresa.
-  Que flor linda!
E ele insistiu:
- Lê a carta, mãe.
E eu li a frase que eu mesma tinha escrito.
- Para Rosângela, do seu marido Tiago!
- Você gostou, mãe?
Sem saber muito bem o que dizer, eu falei:
- Nossa, que surpresa! Eu amei!
E ele, com aquela cara linda e toda a ingenuidade que eu tanto admiro nas crianças, disse:
- Ahaha! Te enganei! Fui eu que coloquei lá! Eu bati na sua flor com o pau até ela cair e depois peguei prá te dar! Gostou, mãe?
Primeiro eu pensei em dar uma bronca nele. Depois eu resolvi só agradecer. Na verdade eu até gostei da "surpresa"... a flor é que não deve ter gostado muito!

domingo, 18 de julho de 2010

Lições sobre o uso do vaso sanitário...

O mãenistério da saúde adverte: esse post pode causar náuseas, vômitos e, eventualmente, o desejo de adiar uma possível gravidez.

O meu maior desafio atualmente (mais do que concluir minha dissertação de mestrado, mais do que acertar os números na Mega-Sena) tem sido convencer a Clara a fazer cocô na privada. Não adianta! O xixi ela já aprendeu a segurar direitinho e com isso eu não preciso me preocupar, a menos que ela esteja muito entretida em alguma brincadeira - aí eu tenho que pegar ela a força e por no piniquinho. Mas o cocô... esse não tem acordo. Eu já tentei de tudo: falei que tem um "cocô pai" dentro da privada esperando pelo "cocô filho", já tentei colar adesivos na tampa do vaso sanitário, já prometi uma chineladinhas na bunda (que o Ministério público não me ouça!), mas nada disso funcionou.
Hoje, como não poderia ser diferente, ela se escondeu num cantinho da casa para encher a calcinha. Depois me chamou:
- Mãããããe... a Clara fez cocô!
Eu, já com a cara fechada e o discurso pronto, fui procurá-la.
- Clara, o que foi que você fez?
Então ela pôs as mãozinhas na cabeça, exatamente como eu faço, e começou:
- Que coisa horríviu, Clara! Fedorenta! Onde que tem que fazer esse cocô? Na pivaaaaaaaaaaaaaada! Na pivaaaaaaaaaaaaada!
Me deu um acesso de riso... ou a Clara tem poderes sobrenaturais e adivinhou o que ia dizer ou eu é que estou muito repetitiva e preciso mudar o discurso!
Em tempo: PELO AMOR DE DEUS! Alguém tem alguma dica de como eu faço prá uma criança de 2 anos e meio fazer cocô na privada e me livrar prá sempre dessas calcinhas melecadas? Pleaaaaaaaaaaaaaaase...

O segundo filho

Eu nunca, desde que me casei, pensei em ter apenas um filho. Em casa somos em duas, meu marido tem duas irmãs, enfim, ter pelo menos dois filhos era algo já decidido para mim. Mas, como vocês já sabem, eu tive alguns probleminhas que poderiam ter me deixado, no mínimo, traumatizada com a idéia de um novo bebê. No entanto, isso não aconteceu! Mesmo depois da depressão pós-parto, da luta prá amamentar, do choro constante, eu estava certa de que teria mais filhos. A questão era: quando?
Em 2006 eu, já formada em Pedagogia, decidi prestar vestibular novamente. Passei e fui fazer Letras, na Unesp. Minha intenção era fazer mestrado e doutorado, mas eu não conseguiria um orientador se não estivesse no meio acadêmico, por isso optei por fazer uma nova graduação. Logo na primeira semana de aula eu conheci a Profª Dra. Alessandra Del Ré (minha orientadora) e conversei com ela sobre o projeto. Fiz um curso de extensão universitária, me inscrevi num estágio departamental, fui me enfiando em reuniões, etc, etc, etc. O Miguel ia na escolinha de manhã, eu ficava com ele à tarde e à noite, enquanto eu ia prá faculdade, ele ficava em casa com uma moça. O Dê também estava na faculdade nessa época, então as coisas não eram tão fáceis. Ainda assim conseguíamos dar conta de tudo. No segundo ano do curso de Letras eu comecei a preparar o meu projeto de mestrado. Como eu tinha planos para, pelo menos, os próximos 3 anos, combinamos que eu ficaria grávida só depois que terminasse o mestrado. Eu nunca gostei de tomar anticoncepcional, então sempre nos preveníamos usando preservativo. Qual não foi a minha surpresa quando, depois de um considerável atraso na mestruação, eu descobri que a Clara estava a caminho. Era maio e, pelas minhas contas, o bebê nasceria em janeiro. Se eu prestasse o mestrado naquele ano eu pegaria licença logo no primeiro semestre (o que não seria nada bom para o andamento da pesquisa). Por esse motivo eu decidi, juntamente com a minha orientadora, que deixaria prá prestar o mestrado no ano seguinte. Sinceramente não foi uma decisão tão difícil de ser tomada! Prá quem já tinha esperado tanto (eu me formei em Pedagogia em 2000), um ano a mais, um ano a menos, não faria diferença. A gestação foi novamente muito tranquila, sem enjôos nem complicações e todo mundo, lembrando do que passei com o Miguel, me dizia: "Fique tranquila, uma filho nunca é igual ao outro". Isso me trazia um conforto, uma certeza de que com a Clara seria tudo muito mais fácil.
Bem, nem tudo é como a gente pensa que é! O parto do Miguel foi uma beleza, no da Clara eu tive uma hemorragia na sala de recuperação. Foi estranho porque todas as mulheres que estava ali estavam com frio, com cobertores, e eu sentia um calor, um mal estar... Pedi que a enfermeira tirasse o cobertor de cima de mim e, quando ela o fez, a mulher que estava ao lado (a mãe de um ex-aluno meu que também tinha acabado de ter seu bebê) me disse: "Ore a Deus, Ro! Você tá de sangue até o pescoço!" Eu levei um susto! Foi uma correria, chamaram o meu médico, me aplicaram um injeção que eu, mesmo anestesiada, senti a dor. As enfermeiras então começaram a fazer um massagem tão forte que eu pensava "Agora esse corte vai abrir!". Com essa massagem eu expeli um coágulo de sangue que assustou até a enfermeira que estava ali. Me limparam, trocaram os lençóis e eu vi todo mundo indo embora daquela sala de recuperação, menos eu. Fui pro quarto exatamente na hora da visita. Fiquei 5 horas e meia na sala de recuperação. Quando o Dê chegou, eu falei que tinha tido uma hemorragia. Ninguém tinha avisado nada. Eu estava toda roxa, dolorida, preocupada, mas não via a hora de colocar a Clara no peito prá saber se ela ia mamar. Quando ela chegou, sugou com força e eu fiquei aliviada. Deu tchauzinho pro Miguel pela janela, chorei um pouco de saudade do meu filhão, mas fiquei mais tranquila. A Clara parecia um anjinho, dormindo tão bem ali no hospital, tão tranquila. No entanto, quando chegamos em casa, percebi que aquela história de "um filho não é igual ao outro" não funcionaria bem desse jeito comigo. Logo na primeira consulta, mediante o que eu disse pro médico, constatamos que a Clara também tinha refluxo. Ela vomitava quase todo o leitinho que mamava, chorava muito e, para piorar, tinha alergia à proteína do leite de vaca. Eu tive que parar de tomar leite durante o período de amamentação, senão ela ficava com o bumbunzinho em carne vida - até sangrava, tadinha.
Como estávamos construindo nossa casa, nos mudamos para um apartamento. Teve um dia que a vizinha de baixo apareceu na janela e me perguntou: "Você tem chá de camomila aí na sua casa?". Eu não entendi bem o porque da pergunta, pensei "Será que ela quer me convidar prá tomar um chá de boas vindas?" e respondi que não tinha, não. Ela então jogou um pacote de chá na minha porta e disse, sem muita paciência: "Então toma esse, dá um chá prá essa menina prá ver se ela pára com esse berreiro!". Naquela hora eu soube que com a Clara as coisas também não seriam simples! Numa coisa eu fui mais esperta. Fui fazendo tudo do meu jeito! Minha mãe e minha irmã queriam ir me ajudar, mas eu fui firme e avisei que elas poderiam ir me visitar, mas que eu não queria ninguém ali na minha casa o tempo todo, que eu iria me virar sozinha. E me virei bem, diga-se de passagem. Não tive a tão temida depressão pós-parto, mas entrei em desespero algumas vezes ao ver aquela bebezinha tão linda chorando tanto. O Miguel ficou bastante enciumado no início - voltou a usar fraldas à noite, descontava toda a raiva em mim, fazia xixi no meu sofá novo de propósito. Acho que isso e o choro constante da Clara eram as coisas que mais me judiavam. Mas eu estava mais tranquila com este segundo bebê.
Depois que a Clara completou dois meses eu voltei a frequentar as reuniões do grupo de estudos da faculdade e retomei o projeto de mestrado. Quando eu voltei a trabalhar (eu trabalhava de manhã em uma escola e à tarde em outra, numa rotina de mais ou menos 10h diárias), eu me sentia muito cansada, mas ainda assim arranjava forças prá estudar prá prova do mestrado. Eu lia a bibliografia da prova durante as madrugadas e estudava francês aos sábados, para a proficiencia . Foi bem difícil, mas quando eu tive o resultado das provas e soube que tinha passado com uma boa nota, pensei que tudo aquilo tinha valido a pena!
Hoje sei que, embora eu não tivesse planejado a Clara para aquele momento, ela veio na hora certa, como um presente prá nós. Tem gente que diz que depois que se tem filhos a gente não consegue fazer mais nada do que fazia antes. Não é verdade! Nem a Clara, nem o Miguel me atrapalham em nada. É claro que meus horários são organizados de acordo com a rotina deles, e hoje em dia não é possível ser mãe, trabalhar e estudar ao mesmo tempo sem a ajuda de uma escolinha de Educação Infantil ou dos avós. No entanto, é maravilhoso ver como a minha vida mudou prá melhor depois do Miguel e da Clara. Não me imagino sem eles!

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Tiradas infantis...

Outro dia a Clara levou um cachorrinho de pelúcia lá na Igreja. Prá puxar conversa, o pastor falou prá ela:
- Olha, que lindo seu cachorrinho, Clara! Posso segurar na perna dele?
E ela respondeu:
- Não!
- Não? - perguntou o pastor, meio sem graça.
- Não é péina, pastoi. É pata!

quinta-feira, 8 de julho de 2010

6 razões para não ter filhos... (5ª razão)

5ª razão
FILHOS NÃO SE ESQUECEM!
Depois que tive filhos nunca mais passei um aniversário ou um dia das mães sem receber presentes ou cartinhas. É claro que no início são os pais ou professores que se "lembram" dessas datas e instigam as crianças, mas depois de algum tempo os próprios filhos se encarregam de marcar estes momentos com carinhos. Crianças têm memória de elefante - e, acrescento, de curto, médio e longo prazo!
Assim como não se esquecem das datas comemorativas que estão a nosso favor, também não se esquecem de pedir quando o benefício é prá elas, e muito menos de cobrar aquilo que você prometeu. O problema é que para agradar, muitas vezes, os pais prometem aquilo que não podem cumprir... e aí começa o problema.
Prometer o que está além do seu alcance só despertará na criança uma ansiedade e frustração desnecessárias. Crianças parecem ingênuas, mas são muito espertas. Na primeira vez seu filho ficará realmente esperando que você cumpra e que disse, depois de um tempo verá que você, na verdade, só queria que ele se calasse naquele momento. É nessa hora que ele aprenderá que SUA palavra não tem valor!
Aquilo que fazemos molda o caráter dos nossos filhos. Quando o que falamos não é necessariamente aquilo que fazemos, estamos ensinando à criança que ela também não precisa se preocupar em ser honesta conosco. E isso se aplica ainda mais nas situações corriqueiras do cotidiano. Se você diz ao seu filho que o levará ao parque no final de semana, mas acaba marcando horário com a manicure (que compromisso inadiável!) e deixa o passeio para outro dia, você até poderá se esquecer disso, mas ele não. Ele se lembrará do passeio no dia em que você marcou, mas, pior que isso, ele sempre se lembrará que você não o levou NAQUELE final de semana. Sabe aquela história de ir viajar e dizer "A mamãe vai na padaria e já volta?". Pois seu filho se lembrará de sua demora toda vez que você realmente for à padaria. E quando seu filho fizer algo errado e você disser que ele está de castigo, por favor, deixe-o de castigo (ainda que esse castigo seja, também, um castigo prá você). De que adianta dizer que ele ficará 1 ano sem televisão se você só conseguirá fazer com que ele cumpra um dia do combinado? Ou você propõe um castigo que poderá cobrar ou, então, é melhor não deixar seu filho de castigo.
Ah, e quando você disser ao seu filho que é feio falar palavrão ou mentir, saiba que será a primeira coisa que ele repetirá quando você falar palavrões ou mentiras. Depois ele se lembrará que, assim como você disse, ele também pode dizer!
O que leva os pais a mentirem tanto para os seus filhos? Por que é tão difícil ser honesto com crianças? Por que tantos pais delegam a responsabilidade da formação do caráter de seus fihos para os outros? Não há mais prazer em compartilhar momentos com aqueles que mais dependem de nós? Não há mais amor suficiente para ser fiel à relação de pai e filho? Ou será que estamos tão envoltos nessa atmosfera de desonestidade, de falsidade e esquecimento que não conseguimos mais ser sinceros nem mesmo com uma criança?
Bem, se você costuma fazer promessas que não poderá cumprir; se está habituado a dizer uma coisa e fazer exatamente o contrário; se você sofre de perda de memória recente (?!?); se acha que uma mentirinha, só de vez em quando, não faz mal; se, para fugir de suas responsabilidades, você costuma inventar desculpas (ainda que sejam boas desculpas!), é melhor você não ter filhos. Filhos vêm equipados com "dispositivo de memória" já de fábrica, não é ítem opcional. E não queremos que eles se lembrem apenas do que deveriam esquecer, não é mesmo...

terça-feira, 6 de julho de 2010

Tiradas infantis...

Não tem nada mais desconcertante do que levar uma "tirada", não é mesmo? Imagine, então, quando essa "tirada" vem de uma criança de 2 anos e meio? Pois foi exatamente isso que aconteceu comigo na semana passada.
Eu fico um pouco incomodada quando as crianças perguntam alguma coisa pro Dê e ele, distraído com a televisão, não responde. Pois enquanto ele estava sentado no sofá assistindo algum programa "super interessante" (!), a Clara, escutando os cachorros do vizinho fazerem a maior barulheira, perguntava insistentemente:
- Pai, que é isso?
Nada.
- Que é isso, pai?
...
- Paaai, que é isso?
Eu, percebendo que o silêncio continuaria até o programa acabar, respondi:
- É o cachorro do Eduardo que está latindo, Clara.
E ela, sem dó nem piedade, falou:
- Você chama pai?
Acho que nunca fiquei tão desconcertada com uma "tirada"! Eu ri (aquele sorriso amarelo) e respondi:
- Puxa vida, hein, minha filha...
E ela completou:
- Você chama mãe! - e saiu balançando os bracinhos.
Ainda bem que ninguém viu a cena! Da próxima vez não falo mais nada.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Depressão pós-parto.

Antes de mais nada, quero dizer que o que vou contar aqui é uma experiência pessoal. Não sou médica, psicóloga ou outra coisa do tipo, por isso meu relato é apenas o de uma mulher que vivenciou, juntamente com a alegria da chegada de seu primeiro filho, um sentimento estranho e confuso: a depressão pós-parto.
Minha primeira gestação, apesar do desgaste de uma rotina de quase 10 horas de trabalho diário, foi tranquila. Eu não passei mal nem me senti indisposta. Apenas sentia muito sono, mas isso não é novidade durante a gestação. O parto do Miguel também foi tranquilo, sem complicações, e todos estavam felizes com a chegada dele. Eu sempre imaginei que seria imensa a emoção de ver pela primeira vez um bebê que você sentiu por nove meses crescendo dentro de você. Mas há emoções dos mais diversos tipos, e eu experimentei algumas que, sinceramente, não estavam no meu "roteiro" de mãe.
Talvez isso não aconteça com todas as mães... talvez não aconteça com a mesma mãe em duas gestações diferentes... bem, estou falando da sensação de estranhamento quando chegamos em casa com o nosso bebê. Por mais que eu tenha convivido com ele, por mais que tenha conversado com ele enquanto ele estava sendo gerado, por mais que tenha o desejado e me emocionado com a sua chegada, não há como negar: o bebê que estava ali era alguém absolutamente desconhecido prá mim. Uma insegurança imensa me acompanhou quando saí da maternidade. Eu não sabia se tinha leite suficiente, se estava me alimentando corretamente, se devia pegar o bebê quando ele chorava ou se o deixava no carrinho para que não se acostumasse só com o colo... meu Deus! Eu sempre fui muito decidida, muito consciente, mas naquele momento eu me sentia totalmente desprovida de capacidade de decisão. Além de todas as "neuras" comuns nesta fase, o Miguel ainda teve aquele probleminha prá mamar, e chorava todos os dias - o dia todo! Eu me desesperava a cada dia. Fechava a casa, apagava a luz, chorava, chorava, chorava, ligava pro médico o tempo todo, chorava, chorava, chorava... Aquela situação era assustadora! Quando eu ia dar banho ou amamentar o Mi eu via - não me julguem! - não um bebê, mas um feto morto. Quando ele chorava eu dizia eu voz baixa "Ele não gosta de mim, ele está me rejeitando". Sei que todos os conselhos e dicas de "o que fazer" e "como fazer" estavam recheados de boas intenções, mas eu estava tão perdida que tudo o que me diziam só reforçava em mim o sentimento de que eu não era capaz de cuidar de uma bebê sozinha. Lembro que uma pessoa bastante próxima (que nem foi me visitar pessoalmente!), me ligou dando uma bronca porque eu devia estar comendo muito feijão e verdura, por isso meu filho tinha tanta cólica! Todos acabavam dando um "pitaco". "Ele tem que tomar banho à tarde prá não passar frio", e lá ia eu acordar o Miguel às 15h prá dar banho - mesmo que ele tivesse dormido às 14h - e deixá-lo ainda mais nervoso por não ter dormido direito. "Ele tem que dormir de bruços, prá passar a cólica", e eu ficava desesperada porque nessa posição ele vomitava todo o leitinho que tinha mamado. Minha mãe, por mais que tentasse me ajudar, acabava me deixando ainda menos à vontade. Eu precisava tomar um banho, ou ir ao banheiro, por isso deixava o Mi no carrinho. Como ele chorava o tempo todo, eu não tinha escolha: tinha que deixá-lo ali, mesmo que ele estivesse esgoelando. Ela então me olhava com aquela cara de reprovação, pegava o Miguel no colo e me dizia que não ia deixar aquela criança chorando daquele jeito. Mas ele não parava de chorar! Não havia meios de esperar que ele se acalmasse para que eu pudesse ir fazer xixi... Aquela situação me deixava ainda pior, por que eu me sentia egoísta por deixá-lo chorando, e pensava: "Ele não gosta de mim".
Quando levei o Miguel ao pediatra pela 5ª vez em 15 dias e, chorando, disse que não aguentava mais aquela situação, o médico me disse que eu estava com depressão pós-parto. Ele me disse que eu poderia tomar medicamentos - hipótese que eu nem cogitei - ou poderia tentar, por mim mesmo, reverter aquela situação. Ele me incentivou a cuidar do Miguel do meu jeito, a receber visitas, a sair de casa (mesmo que ele estivesse chorando), a permitir que as pessoas vissem como meu bebê estava crescendo e engordando. Mesmo vivendo um pequeno drama tentando amamentar o Miguel, eu escutei as palavras do pediatra e decidi que aquela tristeza não poderia roubar a alegria de ter meu filho ali comigo.
Quando o Miguel finalmente começou a mamar no peito - ainda chorando o tempo todo - eu vi que o sol começaria a brilhar na minha casa, que andava muito escura ultimamente. Quando o Miguel completou 1 mês e meio nós descobrimos que o choro dele não tinha nada a ver com falta de colo, com fome por causa de pouco leite ou com cólica por causa da minha alimentação. O Miguel tinha refluxo. Fizemos uma cintilografia, ele começou a ser medicado e, aos poucos, eu percebi que aquela história de "bebê que mama a cada 3 horas e dorme até a próxima mamada" poderia não ser exatamente a minha história. Eu teria que criar a minha rotina com o meu bebê. Percebi que quando dava um banho nele lá pelas 19h ele ficava mais relaxado e dormia um pouco melhor à noite. Abandonei o banho no meio da tarde! Também fui orientada pelo pediatra a deixá-lo sempre com a cabecinha mais alta por causa do refluxo -NUNCA de bruços. Percebi que, também por causa do refluxo, o Miguel teria que mamar uma quantidade menor de leite, porém mais vezes por dia - a barriguinha não poderia ficar cheia, senão ele vomitaria tudo o que tinha mamado. Enfim, aos poucos fui me ajeitando com meu pequeno desconhecido.
Quando o Miguel completou 4 meses o choro diminuiu um pouco e, apesar de ter que voltar a trabalhar, eu me sentia segura de que tudo estava correndo bem.
Hoje, quando visito uma amiga ou conhecida que acabou de ter um bebê, a primeira coisa que pergunto é "Como você está?". Sei que todas as atenções estão sempre voltadas para o bebê, mas sei também que, por mais que possa parecer estranho, uma mãe pode precisar falar de sua "tristeza" nesse momento de tanta alegria.
Sei que não fui a primeira e nem serei a última, mas é necessário desmistificar algumas coisas com relação a esse assunto tão delicado, para que todas as emoções de ser mãe possam ser vivenciadas de forma saudável, mesmo que algumas não estejam no nosso "roteiro"...

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Prá começo de conversa...


A maternidade é, reconhecidamente, uma das maiores bençãos para a mulher. Ficar grávida, ter um filho, saber que um novo ser depende única e exclusivamente de você para se desenvolver, do seu leite, do seu cuidado, isso transforma a vida e as perspectivas de qualquer pessoa. Mas a maternidade traz consigo muita insegurança e faz com que experimentemos sensações que antes não conhecíamos. São elas que quero compartilhar aqui.
Quando fiquei grávida do Miguel todos se alegraram. Ao contrário de muitos "primeiros filhos", o Mi não foi um susto, um descuido. Ele foi planejado, foi desejado. Isso, obviamente, faz muita diferença. Eu descobri que estava grávida dele depois de quase dois meses. Meu corpo mudou MUITO (eu engordei 18 kg no total), mas achava aquele barrigão a coisa mais linda do mundo.
Durante a gestação o Dê leu o livro de Provérbios prá ele. Dizem que os bebês escutam aquilo que se passa aqui do lado de fora, por isso queríamos que o Miguel se acostumasse com a voz do pai. Eu conversava com ele, compunha e cantava prá ele, acariciava o barrigão... foi uma época muito gostosa.
Todas as mães que conversavam comigo diziam que haviam ficado nervosas no dia do parto, que tiveram medo da anestesia, etc, etc. Eu não! O médico tinha dito que o jejum deveria ser feito a partir das 22h, então eu saí prá jantar e comi a sobremesa às 21:45h. Às 23:55 eu estava tirando as últimas fotos com meu barrigão. Resultado: acordei atrasada e internei 20 minutos depois do combinado. Enquanto eu esperava o médico (que atrasou mais do que eu), eu DORMI! É sério! Com a sonda, naquela mesa de cirurgia gelada, eu consegui dormir! Eu realmente não estava nada nervosa.
A cesárea foi tranquila e ouvir o choro do bebê é muito emocionante. O Miguel chorava muito e balançava as mãozinhas sem parar. Depois, é uma mistura de dor e alegria, uma sensação estranha ao ver a barriga ainda inchada e o bebê do lado de fora.
Na maternidade, por mais cansada e indisposta que você esteja, ainda há o conforto de ter enfermeiras para olharem o bebê enquanto você tenta dormir um pouco. A volta prá casa é um evento, uma festa. Todos querem segurar o bebê, dizem que ele se parece com um ou outro parente (o Miguel era a cara do Dê!), mas quando estão ali VOCÊ e aquele pequeno ser que CHORA sem parar, as situações trazem consigo sensações que, talvez, só tenha experimentado quem já foi mãe - e, ainda assim, apenas algumas destas...

sábado, 26 de junho de 2010

Amamentação

Sempre ouvi dizerem que amamentar é maravilhoso, uma sensação indescritível. Eu tinha uma professora na 6ª série que fazia a maior propaganda a favor do aleitamento materno. Aquilo não saiu mais da minha cabeça.
No chá de bebê do Miguel eu nem pedi mamadeira pois estava decidida a amamentar. Meu sobrinho estava com 7 meses e eu via como era "fácil" prá minha irmã sair de casa com ele: se chorasse, ela sentava em um banco qualquer, o cobria com uma fraldinha e dava o peito prá ele. O choro parava na mesma hora.
Quando o Miguel nasceu eu não sabia direito como era amamentar. Eu pensava que eu iria por ele ali, no meu peito, e ele já ia sugar e ficar satisfeito. Na verdade, ninguém nunca havia me dito que meu bebê poderia não saber mamar! Pois foi exatamente isso que aconteceu.
Ainda na maternindade eu oferecia o peito pro Mi e ele só abria a boquinha e ficava quietinho. Eu, inexperiente, mãe de primeira viagem, achava que ele estava mamando. Foi assim, no primeiro dia, no segundo dia, até que recebemos alta e fomos para casa. Quando entrei no quartinho dele, pensei: "Vou estreiar a poltrona que comprei". Sentei e tentei dar mamá pro meu pequeno, que já estava chorando. De novo ele abriu a boquinha e, virando a cabeça de uma lado para o outro, começou a chorar cada vez mais. Até que, de tão exausto que estava, ele dormiu com a testinha franzida. Eu, também exausta com a "luta", não achei aquilo nem um pouco parecido com o que minha professora havia descrito. Quando ele acordou novamente, tudo aconteceu do mesmo jeitinho: choro, exaustão, testa franzida. Eu comecei a ficar preocupada. "Ele não mamou", eu falava pro Dê. À noite, quando fui trocar a fralda, ela estava sequinha, só com uma gotinha vermelha que parecia sangue. Eu fiquei desesperada! Liguei pro médico. "Ele não mamou, doutor Glaymir, ele não mamou!". O médico - a paciência em pessoa - pediu que eu fosse bem cedinho até o posto de saúde onde ele estaria atendendo.
Bem, prá encurtar a história, o Miguel não coordenava sucção/respiração/deglutição quando nasceu. O médico me recomendou uma fonoaudióloga, que ia té a minha casa 3 vezes por dia para fazer exercícios de estímulo para que o Mi desenvolvesse esses reflexos. Cada visita custava aproximadamente R$ 30. Durante 17 dias eu tirei o meu leite para dar com um copinho de café para o Miguel, pois se usasse a mamadeira ele poderia não querer mamar no peito depois. Foi uma sufoco! Meu peito enchia de leite, a cama ficava ensopada, eu não dormia, ficava só tirando o leite para que a próxima mamada dele estivesse garantida. Lembro de uma vez que eu consegui tirar 60 ml e, de tão cansada, bati no copinho e derrubei no chão. Acho que eu nunca chorei tanto quanto naquele dia.
Todos diziam prá eu dar mamadeira pro Miguel, mas eu queria amamentar. Eu estava decidida! O problema é que se o bebê não mamar, deixamos de produzir o leite materno. Além disso, o estresse e o cansaço também prejudicam a produção de leite. Quando o Miguel finalmente pegou o peito, meu leite já era muito pouco. Eu, então, deixava ele ali, sugando, o dia todo. Foi um período muito difícil, de esforço mesmo. Eu não sei porque fiz tudo isso... eu poderia ter simplesmente preparado uma mamadeira e dado prá ele, mas eu não quis. Depois de muita luta e muitos dias de persistência, eu finalmente pude respirar aliviada. O Miguel mamava de hora em hora - isso era muito cansativo prá mim - mas nada me tirava a alegria de saber que eu estava dando ao meu filho o melhor alimento. Isso sem contar com a comodidade de poder sair com ele despreocupada, sem precisar levar toda aquela "tralha" de mamadeira, bico, outra mamadeira, potinho com o pó do leite...
Poucos contam histórias assim, não é mesmo?!? Nem tudo é tão fácil quanto parece, nem tudo é tão lindo como dizem. Com o Mi foi assim, mas eu venci minha batalha! Com a Clara não, ela já nasceu com a "boquinha de mamar", sugando até o ombro da gente quando era colocada no colo prá arrotar. Ainda assim, eu amamentei o Miguel até 11 meses e a Clara só mamou até os 9. Apesar de ser muito mais trabalhoso para a mãe, amamentar traz uma sensação de conforto e de segurança indescritíveis. Hoje os dois raramente ficam doentes e temos uma ligação muito forte de carinho e de cuidado. Dizem que amamentar fortalece o vínculo entre mãe e filho... acho que comigo isso realmente funcionou.
Hoje, vendo "de longe" tudo o que passei, eu penso que seria absolutamente compreensível se eu tivesse me rendido à mamadeira. Prá falar a verdade, não há problema nenhum em optar por ela, contanto que não se deixe a tarefa de alimentar o bebê para outra pessoa qualquer. É realmente uma opção! Só não se deve esquecer que, além do alimento, um bebê precisa do carinho, da atenção e do calor do corpo da mãe. Isso sim faz com que ele cresça saudável em todos os sentidos!

Lições sobre "autoridade"...

Uma das coisas mais difíceis para uma mãe é convencer os filhos a dormirem em suas próprias camas. É uma delícia colocar um bebezinho prá dormir com você, sem falar na comodidade que isso traz, pensando que um bebê deve ser alimentado de 3 em 3 horas mesmo durante as madrugadas. No entanto, além de ser perigoso, deixar a criança dormir na cama dos pais pode se tornar extremamente desconfortável! O bebê que ocupa um pequeno espaço na cama ocupará todo o SEU espaço quando tiver 3 ou 4 anos. Isso sem contar nos xixis que escapam durante a noite, nos braços e pernas que "voam" prá todo lado... que pesadelo!
O Mi e a Clara dormem cada um na sua cama. Isso não é nem discutido! Durante a noite o Miguel levanta prá fazer xixi e dá uma passadinha no meu quarto. Então eu tenho que exercer a chamada "voz de autoridade" e mandá-lo de volta pro quarto dele. A Clara nem acorda durante a noite - graças a Deus! Mas de manhã, não tem jeito: os dois pulam na minha cama. Eu aproveito prá "namorar" meus filhos, afinal isso só acontece no final de semana, já que nos outros dias eles vão dormindo prá casa da avó enquanto eu vou trabalhar.
Hoje, enquanto eles assistiam desenho enrolados do meu edredon, eu aproveitei prá tomar um banho. Quando terminei, vi a Clara reclamando alguma coisa e colocando a mãozinha no bumbum. Eu já fiquei desesperada! Ela estava sem fraldas, já pensou fazer cocô ali na minha cama? Eu, então, me enrolei na toalha, pus outra na cabeça, e corri desajeitada para o quarto.
- Clara, num pode fazer cocô aí, hein! Você quer fazer cocô?
- Nããããão!
Eu insisti, fechando a cara e apontando o dedo prá ela:
- Tem que fazer cocô no banheiro, ouviu? Se fizer aí eu vou ficar muito brava, mocinha! Muito brava!
Ela, então, virou pro Miguel, que estava deitado ao lado, e falou rindo:
- A mamãe é muito doida, né?
E o Miguel respondeu:
- Num liga não, Clara. Ela é assim mesmo.
É... pelo jeito a minha "voz de autoridade" é, na verdade, cômica...

quarta-feira, 23 de junho de 2010

6 razões para NÃO ter filhos... (4ª razão)

4ª razão
FILHOS CRESCEM!
Eu sei! Para os pais os filhos são sempre como crianças, não é mesmo? Eu já completei 31 anos, minha irmã tem 30, e minha mãe continua nos chamando de "meninas". Não há problema algum nisso, desde que os pais não TRATEM seus filhos como crianças - mesmo que tenham quase 4 dezenas de velinhas no bolo de aniversário. Os filhos crescem! Isso pode parecer óbvio, mas não é. Se o fosse, não veríamos tantos marmanjos por aí sem nem mesmo saber lavar um copo ou uma cueca sozinhos... não veríamos tantas jovens tendo filhos e deixando-os na casa dos avós porque precisam sair prá balada... não veríamos tantos adolescentes tolinhos achando que podem fazer o que quiserem, pois os pais se responsabilizam pelos eventuais danos.
Como trabalho em uma escola, já vi muitos pais reclamando que não sabem mais o que fazer com seus filhos. Estou falando de crianças de 9, 10 anos que já dão tanto trabalho que chegam a escutar dos pais frases do tipo "eu mesmo vou ligar pro Conselho Tutelar e pedir prá eles buscarem você, porque eu não te aguento mais". Agora eu pergunto: o que essa criatura (e aqui me refiro à mãe) fez até agora? Como uma criança de 9 anos consegue se perder em tão pouco tempo? E eu ouso responder: não foi a criança que se perdeu, foram os pais que fizeram com que ela se perdesse! Afinal, aquela criança não nasceu com 10 anos de idade. O que era tolerável aos 3 (e obviamente foi apenas tolerado) tornou-se insuportável aos 10. Como será aos 20?
Fico impressionada com a quantidade de pais que literalmente ESTRAGAM seus filhos e pensam que estão fazendo um bem enorme para eles. E não pensem que são crianças que só escutam "sins"... não se engane! A pior coisa que um pai pode fazer na educação de uma criança é ter o "não" como primeira opção de resposta, mas não conseguir sustentá-lo. As crianças nos testam o tempo todo, isso é normal. E os pais, tão perdidos que estão, acham que basta dizer "nãos", sem "porquês". Ora, todo "não" tem uma razão! E sem razão, o "não" acaba virando "sim". E quando isso acontece, lamento, mas você está prestes a perder o seu filho. Sabe aquela criança manhosa, birrenta, que sempre ganha no final? Pois é... ela vai crescer! É o ciclo da vida! E ela vai se transformar naquele adulto (adivinhe!?!) manhoso e birrento, que sempre vai querer ganhar no final! Bem, para vislumbrar as consequências disso, basta ouvir qualquer noticiário ou abrir as páginas de um jornal.
Portanto, se você não está disposto a dar razões para os seus "nãos" e sustentá-los como "nãos"; se você acha que uma criança, para ser feliz, tem que SEMPRE conseguir o que quer; se VOCÊ acha que VOCÊ sempre tem que conseguir o que quer; se você ainda é o "bebezinho da mamãe" e acha isso ótimo (meu Deus!), é melhor você não ter filhos. Afinal, filhos crescem! Mas cabe a nós não deixar que eles cresçam só por fora...

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Lições sobre "humildade"...

A Clara está uma tagarela! Ela puxa assunto com todo mundo, dá palpite em conversa de adulto, inventa razões prá ter o que pede... E, é lógico, todo mundo acha lindo e aproveita prá "interagir". Ontem, enquanto estávamos batendo papo com alguns amigos na frente da igreja, ela passava o "baton da moranguinho".
- Olha meu baton...
Todo mundo mudou de assunto e começou a falar do batonzinho da Clara. Até que um amigo, querendo esticar a conversa, falou:
- Passa baton aqui no tio!
Ela olhou desconfiada, escondeu o baton nas mãozinhas e respondeu rindo:
- Você num pode passar baton!
- Ah é, né, porque eu sou menino!
- Você num é menino! Você é homem!
E a esposa desse nosso amigo completou:
- E você é linda!
Pois, prá não deixar de ter a última palavra, a Clara pôs o ponto final na conversa:
- Eu num sou linda. Eu sou "malavilosa"!
(E não é mesmo?)

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Lições sobre "bebês"...

Não é novidade prá ninguém que eu realmente me divirto com as conversas que tenho com os meus filhos. É incrível perceber como eles relacionam tudo o que observam e como traduzem essas experiências em palavras. E, é claro, além de incrível, é muito engraçado.
Ontem à tarde fomos a um chá de bebê e, enquanto a pastora orava pela bebê, que estava na barriga da Dri, a Clara perguntou:
- Cadê o nenê, mãe?
- Está no barrigão da tia Dri, filha. Olha lá que barrigão! Ela chama Laura.
Ela olhou prá barriga da Dri, olhou prá mim, olhou prá Dri de novo e completou:
- E ela fala?
Eu respondi que ela ainda era muito pequenininha, ainda não falava.
À noite fomos jantar na casa da vovó Cleuza e do vovô Chico. Meu pai costuma andar só de bermuda pela casa - mesmo no frio. Pois a Clara, ao olhar pro "barrigão" do vovô", aproveitou prá comentar:
- Olha esse nenê, mãe!!! Como ele chama?
Eu só ri e disse que "aquilo" não era nenê. Ainda bem que ela não perguntou o que tinha lá dentro, não é mesmo?

terça-feira, 8 de junho de 2010

Lições sobre "delicadeza feminina"...

Quem conhece meu filho Miguel sabe que ele, apesar de ser peralta, é bastante obediente e educado. E não é coisa de "mãe coruja", não! Na escola, a professora sempre diz que ele é o único que não dá trabalho, que é cuidadoso com os amigos, etc, etc. Ele é mesmo muito carinhoso.
Quando eu fiquei grávida da Clara, todos diziam que eu ia sentir a maior diferença, que menina é mais delicada, mais dengosa... Eu pensava comigo: minha filha vai ser uma fofa!
Pois ontem tivemos uma prova dessa "delicadeza feminina". A Clara sempre tira um cochilo no carro quando estamos voltando prá casa à tardezinha. Vendo ela com os olhinhos pesados, o Dê perguntou:
- Tá com sono, filhinha?
E ela, arregalando os olhos, falou com voz firme:
- Deixa eu quieta, pai!
É... parece que aquele negócio de "menina delicada e dengosa" funciona mesmo com a filha... dos outros!

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Lições sobre "capitalismo"...

Se tem uma coisa que aterroriza crianças em idade pré-escolar é o tal do "dente mole". É uma insegurança absurda: "será que dói?", "eu vou ficar banguela prá sempre?", "e se eu engolir?", e isso é só o começo. Ainda tem a amolação dos tios, avós, tios-avós e afins que ficam com aquele papinho do tipo "mostra a janelinha!". Ser criança não é tão fácil quanto parece!
A Larissa, minha sobrinha, está com o primeiro dentinho mole. Junte medo, manha e um monte de tios amolando... qual será o resultado? Choro de criança, é óbvio!
- Eu não quero que o meu dente caia! Eu não quero!
É praticamente impossível não reparar na Larissa chorando! O Miguel tentou desconversar, dizendo que ela não precisava ter medo, afinal o primo Filipe já tinha perdido pelo menos uns quatro dentinhos da frente, mas não adiantou. A Lalá continuava com a bocona aberta! Prá tentar contornar a situação, uma das tias propôs:
- Olha, Larissa, você tem que ficar feliz, afinal para cada dente que cair você vai ganhar R$ 10,00 de cada tio.
O Miguel então, sem pensar duas vezes, pôs a mão na boquinha e soltou essa:
- R$ 10,00??? Espera aí, tia, que eu já arranco tudo!

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Lições sobre higiene bucal...

A Clara está cada dia mais independente. Ela já come sozinha, toma banho sem banheira (com a minha supervisão, é claro), está deixando as fraldas, enfim, já é quase uma mocinha! Agora eu estou tentando ensiná-la a escovar os dentes. Ela continua insistindo em chupar a pasta, mas eu não desisto fácil. Esses dias eu comprei uma escova nova, "di rosa", prá incentivar a boneca a escovar direito os dentinhos. Ontem eu fiz um teste: pus a pasta na escova, dei na mãozinha dela e fui atender o Miguel, que estava tentando terminar de se vestir. Quando voltei para o banheiro...
- Cadê a Clara?
Sem resposta...
- Miguel, cadê a Clara?
- Não sei, mãe.
- Dê, você viu a Clara?
Foi então que eu escutei a voz do Dê falando bravo:
- Não! Ah, menina, pelo amor de Deus!
Quando nós chegamos na porta da sala vimos a Clara esticando a mãozinha com a escova de dentes enquanto o cachorro lambia a pasta.
- Clara! O que você tá fazendo, minha filha?!? Num é prá escovar o dente do cachorro!
Ela chorou, fez manha. Queria a escova de volta!
Sinceramente não sei mais o que fazer com essa Clara. Ela já se lavou com a água do cachorro, já experimentou a ração... só faltava mesmo compartilhar a escova de dentes!

Lições sobre amor e sinceridade...

Não é novidade prá ninguém que eu sou a mais brava aqui em casa. O Miguel e a Clara já sabem que comigo não tem muita conversa quando o assunto é escovar os dentes, tomar banho, etc, etc, etc. Aliás, quando eles batem o pé e fazem birra, eu entro com a frase:
- Quantas vezes eu tenho que falar prá vocês me obedecerem?
E eles já sabem a resposta:
- Uma vez!
É claro que isso não impede que eles protestem, mas no fim acabam fazendo aquilo que têm que fazer. Meu maior cuidado é para que eles não me vejam como a "carrasca".
Na semana passada, quando cheguei do serviço, deitei um pouco no sofá prá descansar enquanto o Miguel assistia um desenho na TV. Ele pediu para se deitar junto comigo. Ficamos ali, abraçados no sofá vendo TV. De repente ele me disse:
- Sabe, mãe, você é uma mãe muito carinhosa!
Eu fiquei toda dengosa. Aproveitei a oportunidade:
- Que bom que você acha isso, filho. Você também, tem que ser sempre carinhoso. As mulheres gostam de carinho, meu filho.
- É, mãe, mas quando eu tiver uma namorada não vou mais poder fazer carinho em você.
Eu retruquei:
- Claro que vai, Miguel. São carinhos diferentes. Você vai amar sua namorada, mas vai continuar amando a mamãe também. É como eu e o seu pai... eu amo primeiro o seu pai, depois você e a Clara.
Então ele deu o golpe fatal:
- Mãe, você não liga de ser a última?
Eu não entendi:
-Como assim, a última?
- É que eu amo primeiro a Clara e depois o papai. Você eu amo por último!
É... pelo menos eu ainda estou na lista...

terça-feira, 13 de abril de 2010

Lições sobre alfabetização...

O carro é um dos melhores lugares prá puxar papo com os filhos (principalmente porque se você não os distrai conversando correrá o sério risco de bater o carro enquanto eles gritam e tentam chamar a sua atenção!). Hoje o Miguel brincava de soletrar palavras enquanto eu fingia estar prestando toda a atenção. Mas não é que ele estava soletrando certinho? Falava uma palavra, ia silabando e depois falava direitinho as letras. Entrei na brincadeira:
- E pato, filho, como é que se escreve?
- Pato... PA-P-A, TO-T-O.
- Muito bem! E rato?
- Rato... RA-R-A, TO-T-O.
- Isso, filho! E gato?
Comecei a abusar da paciência do garoto...
- Chega mãe!
- É fácil, Mi. Pensa bem...
- Gato... GA-G-A, TO-T-O.
- É isso aí, Miguel. E crocodilo?
Talvez porque "crocodilo" não fosse uma palavra muito fácil de soletrar, talvez porque eu já tivesse exagerado um pouquinho na dose de mãe/professora do dia, ele simplesmente me "tirou".
- Ô, mãe, eu já falei como é que escreve um monte de palavras. Agora já tá bom! Eu tô gastando muito o meu cérebro e tem que sobrar um pouco prá eu ir na escola amanhã.
Eu ri e concordei.
- Tá bom, Miguel, tá bom...
Depois de uns minutinhos de silêncio deu prá escutar ele falando alguma coisa, bem baixinho. Tenho prá mim que era algo do tipo:
- Crocodilo... cro... co...