sábado, 28 de novembro de 2009

Lições sobre comprar e pagar...

Se esse mundo capitalista confunde a cabeça dos adultos, imagine só o que pode acontecer com a de uma criança...
Sempre que saímos o Miguel pede prá comprar alguma coisa. Geralmente são balas, doces ou qualquer outra coisa baratinha, mas ainda assim eu digo que só vamos comprar o que for realmente necessário, que não é legal ficar comprando o que não vamos usar, afinal de contas dinheiro não dá em árvore e o papai e a mamãe têm que trabalhar bastante para poder receber no começo do mês. Enfim, aquele discurso didático sobre "dar valor ao que se tem". Outro dia, no percurso para casa, ele perguntou se podíamos passar no supermercado para comprar um pacote de balas, pirulitos e brinquedinhos para fazermos a sacolinha surpresa do próximo aniversário. Detalhe: o próximo aniversário será em agosto do ano que vem.
- Filho, é claro que nós não vamos comprar nada disso agora. Seu aniversário ainda tá bem longe. Além disso a mamãe ainda não recebeu, então não temos nenhum dinheirinho prá comprar estas coisas.
- Mas mãe, não precisa de dinheiro. É só por no crédito.
Eu perguntei:
- E o que você acha que é "por no crédito", Miguel?
E ele, fazendo os gestinhos com as mãos, respondeu:
- Ué, mãe, é só pegar aquele cartão, passar assim e falar prá por no "crédito". Ele tem bastante dinheiro, então a gente não precisa pagar.
- Quem tem bastante dinheiro, Miguel?
- O "crédito", mãe. Num é ele que paga quando a gente passa o seu cartão?
Então eu expliquei:
- Mas meu filho, crédito não é uma pessoa. Crédito é uma forma de pagar as contas. Quando eu falo prá "por no crédito" eu estou dizendo que eu vou pagar aquela conta no banco depois. De qualquer jeito sou EU que vou pagar, Miguel. Se não tiver dinheirinho, num tem crédito, entendeu?
Então ele, um tanto decepcionado, respondeu:
- Puxa, mãe... e eu que achava esse "crédito" muito bonzinho. Que nada. Ele só engana a gente.
É... isso não dá prá negar!

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