sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Os 7 pecados capitais dos pais (última dose)...

Embora não esteja na lista dos "sete pecados capitais", a mentira revela um desvio de caráter que interfere na qualidade da educação que pretendemos dar aos nossos filhos. Não é necessário lembrar que aquilo que se diz a uma criança torna-se "lei" (portanto nunca prometa o que não pode cumprir, nunca estabeleça regras que você mesmo costuma transgredir, jamais afirme algo que você terá que negar em seguida). Porém, a mentira a que me refiro como pecado capital dos pais é um pouco mais sutil: trata-se da atitude que contradiz o discurso. Quando dizemos algo, quando assumimos a "palavra" como um contrato social, nossas atitudes precisam validar nosso "dizer". Infelizmente isso não tem acontecido nas relações familiares. A palavra "amor" tornou-se tão banal que esquecemos de dar à ela o peso que merece, isto é, de cercá-la de ações que demostrem seu poder e sua importância. Amar os filhos é mais do que dizer isto à eles... é repreender com doçura, é investir tempo mesmo na falta dele, é sentir prazer em desfrutar de uma companhia barulhenta, é brincar por diversão e não por obrigação, é ter uma imagem turva de como a vida era antes da chegada dos pequenos. As crianças percebem quando fazemos algo que condiz (ou não) com o que falamos. Creio que o pior pecado cometido pelos pais é mentir sobre o amor que sentem por seu filho, mentir que sentem prazer em tê-lo por perto, mentir que tudo o que estão fazendo é para o seu bem. Se a impaciência é constante, a ausência é rotineira e o bem-estar do adulto vem em primeiro lugar, é óbvio que o discurso não condiz com a prática, e as crianças identificam este "descompasso" com muita facilidade. Na verdade, os próprios pais se deixam enganar e acabam acreditando em suas próprias mentiras de tanto repetí-las e repetí-las. É bastante fácil questionar o amor de pais que espancam, estupram, exploram e abandonam seus filhos. A obviedade dessas atitudes não deixa dúvidas quanto ao caráter dos pais. Porém sejamos sinceros: que caráter fica evidenciado por nossas mentiras sutis? O abandono moral, psicológico e intelectual, tão presente na relação entre pais e filhos em nossos dias, precisa ser visto como nocivo para a criança assim como qualquer outro tipo de abandono. Distorcer esta verdade só traz prejuízos ao relaciomento. É necessário que todas as máscaras caiam para que a educação seja eficaz, fazendo com que nossos filhos se tornem pessoas verdadeiramente responsáveis e felizes.

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