sábado, 29 de agosto de 2009

Lições sobre "pessoas importantes"...

O Miguel sempre me surpreende por sua sensibilidade, sua forma carinhosa de se lembrar das pessoas. Desde que o tio morreu, ele frequentemente pergunta sobre onde ele está e se está bem. Eu respondo que o titio está com o Papai do Céu, mas o assunto nunca se esgota.
Certo dia, passando por uma das praças que têm aquelas estátuas de pessoas que nós nunca sabemos ao certo quem são, o Miguel perguntou:
- Mãe, por que as pessoas fazem estátuas?
- Para se lembrarem de outras pessoas, Mi.
- E quem são as pessoas das estátuas?
- São pessoas importantes, filho.
Ele pensou um pouco e completou:
- Ah, já entendi, mãe... é uma pessoa que já morreu e daí fizeram uma estátua prá gente se lembrar dela, não é?
- Isso mesmo, filho.
- Então vamos fazer uma estátua do tio Beto, mãe!
Sem saber direito o que dizer, eu respondi:
- Não dá, filho...
- Por que, mãe? O tio Beto não era muito importante?
Eu não esperava por essa. A pergunta me fez pensar nos nossos valores, no que realmente é importante prá nós. Quantas vezes comemoramos o dia da Procalmação da República, mas nos esquecemos de cumprimentar um amigo em seu aniversário só porque não o vemos há algum tempo. Nos lembramos de acarinhar nossos pais apenas na data em que o comércio estipulou que devemos dar a eles um presente. Todos os dias dormimos e acordamos ao lado das pessoas mais importantes do mundo prá nós, mas poucas vezes nos lembramos de dizer isso à elas.
Para o Miguel o tio Beto era muito importante, sim. E se eu pudesse voltar àquele dia em que ele me perguntou "Por que as pessoas fazem estátuas?", eu reponderia:
- Para nos lembrarmos de quem provavelmente será esquecido. As pessoas inesquecíveis prá nós, filho, estas não precisam virar estátuas. Estão sempre vivas na nossa memória!

Nenhum comentário:

Postar um comentário