sábado, 5 de setembro de 2009

Lições sobre o choro (e suas funções)...

Toda criança, por mais boazinha que seja, em algum momento deixa os pais loucos com manhas e choros por motivos fúteis. O Miguel não foge à regra. Eu fico impressionada como ele, na maioria das vezes, procura motivos para se debulhar em lágrimas. Desta vez ele alegava que queria assistir "Eu, a patroa e as crianças" na Tv, e que se saíssemos da casa da avó naquele momento ele perderia o programa.
- Miguel, a gente precisa ir embora. Você assiste em casa...
- Não, mãe, não vai dar tempo de chegar em casa. Vai acabar. E eu quero muito ver o que vai acontecer com o Michael.
Enquanto ele chorava, eu ria. E quanto mais eu ria, mais ele achava que devia chorar. Até que, cansada do dramalhão, eu dei a última palavra.
- É o seguinte, meu filho, nós vamos prá casa e se você ficar chorando no carro eu deixo você de castigo sem assistir televisão. Vai parar de chorar agora?
Ele fechou a boquinha como se estivesse mordendo os lábios, soltando só um gemido ainda mais incômodo do que o próprio choro. Vendo que eu continuava brava, ele se justificou:
- Eu não tô chorando mais, viu, mãe. Tô só lavando o meu rosto.
Segurando o riso, eu retruquei:
- Pois é melhor lavar o rosto na pia quando chegar em casa.
E ele, com a resposta na ponta da língua, pôs o ponto final na conversa:
- Eu prefiro lavar com as lágrimas mesmo... é mais quentinho.

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