sábado, 26 de junho de 2010

Amamentação

Sempre ouvi dizerem que amamentar é maravilhoso, uma sensação indescritível. Eu tinha uma professora na 6ª série que fazia a maior propaganda a favor do aleitamento materno. Aquilo não saiu mais da minha cabeça.
No chá de bebê do Miguel eu nem pedi mamadeira pois estava decidida a amamentar. Meu sobrinho estava com 7 meses e eu via como era "fácil" prá minha irmã sair de casa com ele: se chorasse, ela sentava em um banco qualquer, o cobria com uma fraldinha e dava o peito prá ele. O choro parava na mesma hora.
Quando o Miguel nasceu eu não sabia direito como era amamentar. Eu pensava que eu iria por ele ali, no meu peito, e ele já ia sugar e ficar satisfeito. Na verdade, ninguém nunca havia me dito que meu bebê poderia não saber mamar! Pois foi exatamente isso que aconteceu.
Ainda na maternindade eu oferecia o peito pro Mi e ele só abria a boquinha e ficava quietinho. Eu, inexperiente, mãe de primeira viagem, achava que ele estava mamando. Foi assim, no primeiro dia, no segundo dia, até que recebemos alta e fomos para casa. Quando entrei no quartinho dele, pensei: "Vou estreiar a poltrona que comprei". Sentei e tentei dar mamá pro meu pequeno, que já estava chorando. De novo ele abriu a boquinha e, virando a cabeça de uma lado para o outro, começou a chorar cada vez mais. Até que, de tão exausto que estava, ele dormiu com a testinha franzida. Eu, também exausta com a "luta", não achei aquilo nem um pouco parecido com o que minha professora havia descrito. Quando ele acordou novamente, tudo aconteceu do mesmo jeitinho: choro, exaustão, testa franzida. Eu comecei a ficar preocupada. "Ele não mamou", eu falava pro Dê. À noite, quando fui trocar a fralda, ela estava sequinha, só com uma gotinha vermelha que parecia sangue. Eu fiquei desesperada! Liguei pro médico. "Ele não mamou, doutor Glaymir, ele não mamou!". O médico - a paciência em pessoa - pediu que eu fosse bem cedinho até o posto de saúde onde ele estaria atendendo.
Bem, prá encurtar a história, o Miguel não coordenava sucção/respiração/deglutição quando nasceu. O médico me recomendou uma fonoaudióloga, que ia té a minha casa 3 vezes por dia para fazer exercícios de estímulo para que o Mi desenvolvesse esses reflexos. Cada visita custava aproximadamente R$ 30. Durante 17 dias eu tirei o meu leite para dar com um copinho de café para o Miguel, pois se usasse a mamadeira ele poderia não querer mamar no peito depois. Foi uma sufoco! Meu peito enchia de leite, a cama ficava ensopada, eu não dormia, ficava só tirando o leite para que a próxima mamada dele estivesse garantida. Lembro de uma vez que eu consegui tirar 60 ml e, de tão cansada, bati no copinho e derrubei no chão. Acho que eu nunca chorei tanto quanto naquele dia.
Todos diziam prá eu dar mamadeira pro Miguel, mas eu queria amamentar. Eu estava decidida! O problema é que se o bebê não mamar, deixamos de produzir o leite materno. Além disso, o estresse e o cansaço também prejudicam a produção de leite. Quando o Miguel finalmente pegou o peito, meu leite já era muito pouco. Eu, então, deixava ele ali, sugando, o dia todo. Foi um período muito difícil, de esforço mesmo. Eu não sei porque fiz tudo isso... eu poderia ter simplesmente preparado uma mamadeira e dado prá ele, mas eu não quis. Depois de muita luta e muitos dias de persistência, eu finalmente pude respirar aliviada. O Miguel mamava de hora em hora - isso era muito cansativo prá mim - mas nada me tirava a alegria de saber que eu estava dando ao meu filho o melhor alimento. Isso sem contar com a comodidade de poder sair com ele despreocupada, sem precisar levar toda aquela "tralha" de mamadeira, bico, outra mamadeira, potinho com o pó do leite...
Poucos contam histórias assim, não é mesmo?!? Nem tudo é tão fácil quanto parece, nem tudo é tão lindo como dizem. Com o Mi foi assim, mas eu venci minha batalha! Com a Clara não, ela já nasceu com a "boquinha de mamar", sugando até o ombro da gente quando era colocada no colo prá arrotar. Ainda assim, eu amamentei o Miguel até 11 meses e a Clara só mamou até os 9. Apesar de ser muito mais trabalhoso para a mãe, amamentar traz uma sensação de conforto e de segurança indescritíveis. Hoje os dois raramente ficam doentes e temos uma ligação muito forte de carinho e de cuidado. Dizem que amamentar fortalece o vínculo entre mãe e filho... acho que comigo isso realmente funcionou.
Hoje, vendo "de longe" tudo o que passei, eu penso que seria absolutamente compreensível se eu tivesse me rendido à mamadeira. Prá falar a verdade, não há problema nenhum em optar por ela, contanto que não se deixe a tarefa de alimentar o bebê para outra pessoa qualquer. É realmente uma opção! Só não se deve esquecer que, além do alimento, um bebê precisa do carinho, da atenção e do calor do corpo da mãe. Isso sim faz com que ele cresça saudável em todos os sentidos!

Um comentário:

  1. Luciana Kely Nogarini Garcia29 de junho de 2010 às 10:42

    ~Que lindo Ro, experiência forte que me faz lembrar e chorar...mas passou, vocês venceram, parabéns!!!

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